Recentemente, foi divulgada uma pesquisa que informa que cerca de 40% dos brasileiros não têm conta em banco. Entretanto, constatou-se também que, de qualquer forma, houve nos últimos anos crescimento significativo na quantidade de pessoas com acesso a contas correntes e ao crédito no País, mas que agora houve uma parada na inclusão de pessoas ao sistema.
Parece-me que tudo aquilo que aceitamos, sem compreendermos adequadamente as consequências, seja por falta de interesse ou por julgarmos que nossas idéias são tão maravilhosas que certamente irão dar certo, acabam trazendo problemas maiores do que os já existentes.
Não tenho nada contra as pessoas excluídas e, dentro do possível, procuro sempre ajudá-las, portanto sinto-me à vontade para contar uma história verídica e questionar alguns pontos relativos ao caso: Há algum tempo, conheci uma pessoa que estava exasperada e me relatou: “abri uma conta em um banco e quem me atendeu me informou que o banco me deu o direito de usar duzentos reais de graça e agora estão querendo que eu pague e junto com o tal dos juros. Ganho salário mínimo, com posso pagar. Até porque não devo nada, me deram o dinheiro.”
Aprofundando a questão, apurei que se tratava do popularmente conhecido cheque especial e obviamente os duzentos reais eram o chamado limite que, como empréstimo, quando utilizado tem que ser pago e com juros. Entretanto, pela conversa, ficou claro que a pessoa que o atendeu, na ânsia de cumprir a tenebrosa meta de produtividade, praticamente o impingiu a aceitar o empréstimo, como se fosse doação. Não se trata de caso isolado, todos nós conhecemos casos tão ou mais escabrosos do que este nas relações com bancos. Ou não?
Para mim, o caso demonstra que há pessoas, e não são poucas, que não têm condições de gerenciar sequer uma conta corrente. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em fevereiro e março, cerca de 65% das famílias brasileiras se consideravam endividadas. Acham pouco? No citado período, o percentual de famílias com débitos recentes em atraso girava em torno de 24% e o houve aumento para 8,4% das que informaram não ter condições de pagar seu débitos.
Assim, desejo questionar o seguinte: antes de nos preocuparmos em dar maior acesso a crédito em instituições financeiras a excluídos, não seria o caso de trabalharmos para dar educação (inclusive sobre princípios básicos de relações com instituições financeiras), emprego e salário e, aí sim, esclarecidas, essas pessoas irão, se quiserem, ao sistema financeiro?
Verdadeiros Educadores, como o Sr. Buda, apontavam, para quem quisesse ouvir, em relação ao que fazemos: “Caminho do Equilíbrio, Caminho do Meio.”
Se observarmos com atenção, talvez descubramos que somos responsáveis por tudo que afeta as nossas vidas. E, se desvios graves ocorrerem no setor econômico-financeiro, já que é do que estamos tratando, por atuação ou omissão seremos colhidos, a menos que nossa resposta seja correta em termos de Vida. A quem interessa, de fato, a facilitação de crédito a pessoas sem condições? Não será uma Lei da Vida que a tudo que nos dedicamos, aprendemos e a solução surge naturalmente? Portanto, aos nossos leitores peço, se lhes interessar, que questionem, investiguem, percebam e atuem. Assim, me parece, questões são resolvidas.
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