Por Igor Truz - igor.moraes@usp.br
As escolas de educação básica, sejam públicas ou privadas, enfrentam desde sempre uma série de problemas para garantir sua efetividade, e mais do que isso, sua própria existência. Uma das dificuldades mais recentes, e de difícil solução, tem sido o problema do adoecimento e da deserção dos professores da escola pública brasileira. Para o historiador Danilo Alexandre Ferreira de Camargo, tal fenômeno acontece em função do cotidiano escolar ser insuportável para a maioria dos profissionais da educação. É o que conta Igor Truz em artigo para o portal da Universidade de São Paulo (USP-Notícias).
O historiador Danilo Alexandre em sua dissertação de mestrado, O abolicionismo escolar: reflexões a partir do adoecimento e da deserção dos professores, desenvolvida na Faculdade de Educação, e orientada pelo professor Julio Roberto Groppa Aquino, procura fugir do lugar comum, e apresenta uma reflexão alternativa sobre a problemática relação dos professores com a escola: o abolicionismo escolar.
Segundo ele, a questão do afastamento de professores da atividade profissional é tema frequente de pesquisas, principalmente no campo da saúde, que procuram encontrar causas e soluções para este problema. Por este motivo, Camargo analisou, ao longo de quatro anos, mais de 60 trabalhos acadêmicos que tinham como tema o adoecimento dos professores.
O estudo concluiu que não havia grandes diferenças conceituais entre as pesquisas produzidas nesta área. Isto se dá em função da tentativa frequente de patologização da resposta dos professores ao ambiente escolar. “Não tenho, em absoluto, a intenção de questionar o trabalho dos cientistas destas áreas, mas se observarmos dez anos de pesquisa, veremos pouca diferença entre todas elas. Sempre se parte do pressuposto da existência de uma crise generalizada, depois é feito o diagnóstico de uma patologia e sua posterior proposta de medicalização”, afirma Carmargo. E continua: “A tentativa é sempre colocar a escola nos eixos, nunca questioná-la como instituição.”
Imagem: envolverde.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário