*Teresinha Machado da Silva
Nos
cinco primeiros meses deste ano, 609 professores abandonaram a carreira do
magistério público estadual por exoneração a pedido e, no ano passado, um total
de 2.129. Essa evasão impede que muitos estabelecimentos de ensino contem com
um quadro de professores com a permanência necessária para a eficácia do
processo educacional, e, consequentemente, para o êxito do alunado.
Abandono
que, em despretensiosa análise, aparenta ser resultante do desestímulo, não com
o magistério, em si, mas com a política de desvalorização da carreira, adotada
pelos governos; o que faz com que muitos integrantes da categoria optem por
outras profissões mais bem remuneradas. Dos que permanecem no quadro, a maioria
precisa trabalhar em diversas escolas, para conseguir a necessária renda,
comprometendo a saúde e a qualidade do ensino. Em termos de futuro, essa
realidade constitui motivo de preocupação pelo fato de os jovens estarem
deixando de procurar os cursos do magistério pela falta de perspectiva. As
condições de trabalho e os baixos salários não constituem atrativos.
No
Estado do Rio, os professores estão insatisfeitos com o reajuste de 7%,
proposto pelo governo. O governador, quando em campanha eleitoral, prometeu
recuperar as perdas salariais do magistério, no entanto, este percentual está
aquém do necessário para a consecução desse intento; muito longe do alcance do
que foi proposto. Pelo contrário, tende a contribuir para aumentar a defasagem,
em face do índice de 14% de inflação, provocada pelo aumento do preço dos
alimentos nos últimos 12 meses.
Temos
conhecimento de que países, que atingiram elevado nível educacional, alcançaram
o patamar desejado pelos altos investimentos em Educação, pagando bons salários
aos profissionais dessa área. Em nosso estado, um professor, com licenciatura,
habilitado para exercer a profissão no Ensino Médio e nos quatro últimos anos
do Ensino Fundamental, inicia a carreira percebendo um salário de R$ 1.001,82
e, com o reajuste, passará para R$ 1.071,95. O índice proposto está muito
distante da reivindicação da categoria. A UPPES tem lutado pelo piso inicial de
R$ 3 mil para o professor, pois acreditamos que esse seja o valor necessário
para iniciar a recomposição das perdas salariais da categoria.
O
lamentável, nesse aspecto, é o fato de o estado do Rio de Janeiro figurar, no
contexto nacional, em melhor situação do que a de muitos outros estados. Tal
circunstância, no entanto, não constitui motivo de comemoração. Apenas, destaca
a realidade, quanto ao abandono da educação no país, evidenciando total
incoerência ao se constatar que regiões, com maior poder econômico, deixam de
remunerar, convenientemente, os servidores da área educacional.
Nossa
atuação tem sido no sentido de conscientizar os governantes e a sociedade da
importância da valorização do magistério em todo o país. Temos negociado,
permanentemente, com o secretário de Estado de Educação do Rio de Janeiro,
Wilson Risolia, e constatamos a dificuldade por ele encontrada, junto aos
secretários da área econômica, para o atendimento à justa reivindicação dos
professores.
Em
Audiência Pública da Comissão de Educação da ALERJ, apresentamos a proposta de
índice do reajuste de 24,12%, retroativo a maio, data-base prevista na Lei n°
1. 608/90. Emenda a ser acrescentada no Projeto de Lei n° 2. 200/2013,
tendo como base os índices aplicados ao salário mínimo do estado, nos dois
últimos anos, pelo governador Sérgio Cabral, enquanto, para a categoria do
magistério, não houve reajuste salarial.
No
entanto, estamos cientes de que essa medida, ainda, é insuficiente para impedir
a crescente evasão dos professores das escolas públicas estaduais, em busca de
melhores condições de trabalho e status profissional.
*Presidente da União dos Professores Públicos no Estado
(UPPE-Sindicato) e diretora de Assuntos Educacionais da Confederação dos
Servidores Públicos do Brasil (CSPB)
Imagem: cedida por Teresinha Machado da Silva
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