QUEREMOS VERDADEIRAMENTE A PAZ?

21 de setembro – Dia Internacional da Paz 

Há 31 anos a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 21 de setembro como o Dia Internacional da Paz. Um dia de cessar-fogo e de não-violência em todo o mundo. Mas poderá a Paz surgir de uma norma, um decreto ou de uma lei? 

Para o educador Jiddu Krishnmurti* não haverá paz no mundo enquanto houver divisões entre os homens. Ele afirmava: “Não há possibilidade de paz na Terra se você está dividido nacionalisticamente. Queremos ordem externa no mundo. Politicamente, religiosamente, economicamente e socialmente. Na nossa relação uns com os outros, queremos ordem. Queremos alguma paz. Queremos alguma compreensão”. 

Krishnamurti afirmava que a paz será impossível enquanto houver conflitos e contradições psicológicas. “O que estamos fazendo é tentar gerar ordem legislativamente, nacionalmente e assim por diante. Ordem lá fora, no mundo. E têm sido provado, vezes e vezes, que isso gera desordem totalmente”, alertava. 

Queremos verdadeiramente a Paz? Em suas palestras Krishnamurti investigava os conflitos humanos: “Os seres humanos têm vivido neste estado de conflito desde que a história humana é conhecida. Tudo que eles tocam transforma-se em conflito, interno e externo”. 

Na visão de Krishnamurti, só através da verdadeira educação, cujo propósito é o da transformação interior e da liberdade do ser humano, é possível compreender que não estamos separados do mundo e que o mundo reflete o que somos. Durante toda sua vida de trabalho ele apontou: “Se eu for violento, estou acrescentando violência a essa consciência coletiva, que é comum a todos nós. Então, sou profundamente responsável por contribuir para essa violência, para essa confusão, para a terrível divisão. Se eu não for violento, não estou fazendo esse acréscimo, estou introduzindo um fator completamente novo a essa consciência”. 

A educação moderna, ao priorizar o cultivo das capacidades técnicas visando o sucesso no mercado de trabalho, tornou-se visivelmente falha no desenvolvimento do ser humano total. Ele afirmava que “O mero cultivo das capacidades técnicas destituído da compreensão do que é a verdadeira liberdade conduz à destruição e à guerra; e isso é justamente o que está a acontecer no mundo”. 

*Jiddu Krishnamurti - Foi eleito pela revista Time um dos cinco santos do século XX. Com mais de setenta livros publicados em quase trinta idiomas, J. Krishnamurti estendeu uma ponte entre ciência e religião e criou fundações e escolas visando uma educação que enfatizasse a compreensão da mente e do coração.

Imagem: jiddu-krishnamurti.net