Acidentes com serpentes
“No período quente, os animais saem pela manhã para se esquentar, procurar água, então, o índice maior de acidentes acontece nesse período do Verão”. Essa é a explicação do técnico Benedito Ambrósio Rodrigues Filho, da divisão de herpetologia, do Instituto Vital Brazil, em Niterói. “Este também é o período em que as serpentes vivíparas parem os filhotes. Então, de dezembro a março, temos que ficar atentos ao aparecimento desses animais,” diz Benedito.
Como prevenir
Segundo o técnico algumas atitudes ajudam a evitar a ocorrência desses acidentes. “As serpentes vivem sempre camufladas, em buracos. É difícil achar uma serpente em terreno livre. Se for preciso andar em locais com mato, ou lugares de pouca visibilidade procurar estar sempre calçado. Nunca enfiar a mão em buracos e nem retirar obstáculos sem verificar primeiro com um bastão ou pedaço de pau se tem algo ali”, afirma Ambrósio.
“Os acidentes mais comuns com animais peçonhentos, em relação às cobras, são com as jararacas, pois são a espécie de cobra que predomina em todo o Estado do Rio de Janeiro. A Cascavel já é mais encontrada no sul do Estado do Rio de Janeiro, nas divisas do Rio de Janeiro com Minas Gerais e do Rio de Janeiro com São Paulo”, afirma Benedito.
Como atuar em caso de acidente
Em caso de acidente com animal peçonhento, segundo ele, nada deve ser feito no sentido de procurar remédio caseiro, fazer torniquete ou perfurar o local. “As únicas coisas corretas são lavar o local da picada com água e sabão e procurar o polo de atendimento o mais rápido possível”. Benedito diz ainda que em Niterói, o local habilitado para fazer o atendimento a esses casos é o Hospital Antônio Pedro.
Aranhas e escorpiões
Segundo o técnico Robson Vasconcelos, do aracnário, o Rio de Janeiro é um dos estados do Brasil onde se encontra o escorpião-amarelo, o escorpião mais perigoso de toda a América do Sul.
“Esse animal, espécie da qual só existem fêmeas, se reproduz por partenogênese, uma forma de reprodução assexuada. Ele atinge a maturidade sexual aos dois anos, dando à luz de 25 a 26 filhotes, e daí para a frente, vive mais dois ou três anos”, afirma. Segundo ele, os pacientes cujo acidente costuma ser mais grave são as crianças e os idosos, e o soro para acidente com o escorpião-amarelo é o soro antiescorpiônico.
Em relação às aranhas, Robson diz que três espécies podem causar acidentes mais graves no Brasil: Aranha Armadeira, Aranha Marrom e a mais perigosa de todas, a Viúva-Negra. No caso de acidente, se necessário, existe soro específico para cada uma delas.
O Instituto Vital Brazil
O Instituto Vital Brazil foi criado pelo grande cientista Vital Brazil, em 1919, e inicialmente funcionava na Rua Gavião Peixoto, nº 360, em Icaraí. A inauguração das atuais instalações, no bairro do Vital Brazil, se deu em 11 de setembro de 1943, com a presença do então presidente da República, Getúlio Vargas. O prédio foi construído pelo arquiteto Álvaro Vital Brazil, filho do criador do instituto, o grande cientista Vital Brazil.
Benedito Ambrósio que trabalha na instituição há 32 anos e há 25 com os animais peçonhentos explica o papel da instituição no setor da saúde: “O Instituto Vital Brazil é uma empresa do governo do Estado do Rio de Janeiro, onde se fabricam vários tipos de medicamentos. Os animais peçonhentos são o cartão-postal do Vital Brazil. E quando se fala em animais peçonhentos, estamos falando de aranha, escorpião, lacraia e cobras”.
Segundo ele, são produzidos pelo Instituto Vital Brazil soros contra os venenos das serpentes Jararaca e Jararacuçu, Cascavel e Coral. Produz também um soro que serve tanto para a Jararaca quanto para a Cascavel. Benedito diz ainda que o soro contra o veneno da Surucucu pico-de-jaca, a maior serpente das Américas, é produzido em outros laboratórios. “Não por nós não termos condições de fabricá-lo aqui, pelo contrário, mas a fabricação dos soros é dividida em alguns laboratórios. Se quisermos, o Instituto Vital Brazil tem condição de fabricar qualquer soro antiofídico”, afirma.
Fonte: Jornal EI!
Fotos: Rafael Sardenberg