segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A ESCOLA AINDA ATRAVESSA O RITMO

O início do ano letivo brasileiro e o carnaval acontecem em datas muito próximas. De um lado temos as escolas – instituições de ensino – abrindo suas portas, para mais um ano de atividades. Do outro, as escolas de samba fechando mais um círculo de trabalho que será duramente avaliado, nos dois dias de desfiles.
Podemos dizer que as escolas de samba têm conseguido alcançar o principal objetivo: o de encantar a enorme plateia que lota as arquibancadas e camarotes da passarela do samba.
Já as instituições de ensino, apesar dos esforços estoicos de muitos professores, não conseguem chegar a um resultado satisfatório. Em manchete, o site BBC Brasil, em 29 de julho de 2013, anuncia: “A educação ainda trava desenvolvimento no país”.
No mundo do carnaval o trabalho nunca cessa. Passada a apuração, independente do resultado, o desfile do próximo ano já movimenta a comunidade na escolha do samba-enredo, na criação das alas, no desenho das fantasias... E tudo recomeça de maneira frenética e criativa.
Nas instituições de ensino, principalmente nas públicas, a volta às aulas nem sempre é um retorno agradável.
Um trabalho desenvolvido pelos pesquisadores Joaquim José Soares Neto, Girlene Ribeiro de Jesus e Camila Akemi Karino, da Universidade de Brasília (UnB), e Dalton Francisco de Andrade, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) comprova que quase metade das escolas públicas do país funciona sem bibliotecas, quadras e laboratórios, entre outros equipamentos pedagógicos importantes para um ensino de qualidade. Apenas 0,6% da rede estão em condições adequadas para o seu fim. Como obter um bom resultado em condições tão desfavoráveis?
Ainda assim, há os que propõem horário integral para todas as unidades escolares, indiscriminadamente. Dependendo das instalações da escola, seria quase que propor um ‘sistema prisional’ para os estudantes. Uma maldade!
Ainda assim, há os que propõem a inclusão, mesmo sabendo que a estrutura atual tem se mostrado ineficiente até para os alunos ditos ‘normais’.
Ainda assim, há os que ignoram as condições de trabalho e salário dos professores, negando-lhes o direito a uma remuneração digna.
Ainda assim, há os que responsabilizam os docentes pelos índices de reprovação e evasão escolar. Nas escolas de samba o sonho e a fantasia dão o tom e o ritmo do trabalho, o ano inteiro que culmina com os desfiles sendo aplaudidos e reconhecidos mundialmente
Nas instituições escolares, um broto de Esperança insiste em vicejar a cada mês de fevereiro. Mas, no dia a dia enfrenta reveses...  e só mesmo por muito empenho, não murcha de vez.
Texto: Maria Lucia Sardenberg



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