Filha caçula de um grupo de outros cinco irmãos fui criada por minha mãe Niette, que enviuvou muito cedo. Nosso pai Aggeo ainda vivia, quando o filho mais velho estava para retornar do Rio de Janeiro onde serviu ao exército. Como morávamos em uma cidade pequena, sem um mercado de trabalho que atendesse aos jovens, Niette convenceu o marido a concordar com a compra de uma sorveteria, no centro da cidade, que estava à venda. Com o estabelecimento, ela esperava ocupar os filhos mantendo-os longe do ócio. A compra foi efetuada no mês de abril. Em setembro do mesmo ano, ficamos órfãos do pai que nos provia de tudo, com seu ofício de dentista. A sorveteria passou a ser, então, o único meio de sustento da família. Durante o verão, com a venda de sorvetes, sucos e doces era possível atender às necessidades básicas do grupo; no inverno, o movimento caía drasticamente, trazendo grande preocupação a nossa mãe. Comentando com alguém as suas dificuldades, foi aconselhada a transformar a sorveteria em um bar, passando a vender bebidas alcoólicas, pois "daria muito mais dinheiro". Com a franqueza que lhe era peculiar, ela respondeu:" por nada desse mundo farei isso. O que não quero para os meus filhos, não desejo para os filhos dos outros." Assim era minha mãe, Niette, que criou os filhos com lições e não com palmadas nem castigo".
Nós do EI! desejamos a todos um Feliz Dia das Mães. Ou, segundo Artur da Távola, “Um Feliz Dia das Mães, dos Filhos, da Humanidade e do Planeta Terra.”
Texto: Maria Lucia Sardenberg
Imagem: Rafael Sardenberg
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