CRIANÇAS QUE NÃO SABEM COMPARTILHAR

A forma de viver atual contribui para esse aprendizado? 

Muitos pais ficam irritados quando seus filhos fazem birra para não compartilhar o brinquedo com irmãos e amiguinhos. Se a criança está na faixa entre um e três anos, essa atitude é compreensível, pois ela ainda está preocupada com suas próprias necessidades e desejos. É a orientação familiar que pode levar a criança a perceber que o outro também é importante. 

Está provado que saber administrar a escassez na infância é fundamental para desenvolver o necessário espírito de luta na vida adulta. Mas a forma de viver atual contribui para esse aprendizado? 

A geração nascida em meados do século XX é oriunda de famílias com um maior número de filhos. As casas brasileiras, em sua maioria, possuíam um só banheiro. Os irmãos dividiam brinquedos, livros e o quarto. Quando muito, em famílias mais abastadas, as meninas ocupavam um e os meninos outro. 

Tendo que driblar as ‘dificuldades’ a criança aprendia a argumentar, discutir, e até mesmo brigar, pelo que considerava justo. Quando a palavra não convencia, rolava cascudos, chutes na canela, apelidos e tudo mais. 

Já as gerações mais novas estão vivendo de forma diferente. Com famílias cada vez menores, os bebês já nascem com quartos decorados só para eles. As crianças ganham, muito cedo, sua própria televisão, seu celular, seu computador. Estudos apontam que crianças que crescem sendo atendidas em seus desejos muito rapidamente, não valorizam o que recebem e não aprendem a fazer trocas afetivas. 

Depois de enraizado, fica difícil lidar com o sentimento de posse. Por isso a família deve criar oportunidades para que as crianças, desde pequenas, aprendam a arte de compartilhar. 
Imagens: emporto.com.br 

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