Mais uma vez ocorreram problemas no desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Na ânsia de vencer um desfile que há tempos prima pelo luxo, pelo tamanho monumental dos carros alegóricos, pela inclusão excessiva de artistas, turistas e pessoas de classe média e alta que nada têm a ver com o fato, houve problemas maiores ou menores com algumas agremiações. Depois, na hora da apuração dos votos para determinar os vencedores, o de sempre: jurados de um mesmo quesito atribuindo notas absolutamente disparatadas para uma mesma escola (um dá 10, o outro, 9). Será que é possível, de fato, a escola estar nos dois extremos ao mesmo tempo? Qualquer tolo pode perceber que não. Os julgamentos são obviamente subjetivos, dependendo de preferências, humores etc de cada jurado. Conclusão: dirigentes de escolas reclamam, se retiram do ambiente etc. Muda alguma coisa? Por que aceitaram uma competição que já sabem que é e será sempre assim?
Quem já desfilou na Sapucaí, e eu já o fiz, sabe que faz tempo que houve total perda de espontaneidade dos integrantes das escolas. Virou uma parada marcial: avance Maria!, recue Pedro!, olhe o alinhamento! Tudo apenas para ganhar o desfile.
O óbvio da questão, que parece não interessar, é que no desfile das campeãs, no sábado seguinte ao carnaval, tudo corre muito melhor. Os próprios componentes das escolas que são entrevistados afirmam: hoje é tudo festa, não há tensão emocional e por aí vai.
Por que então a competição? Somos viciados no conflito e no sofrimento? Somos incapazes de realizar alguma coisa apenas pelo fato de gostarmos do que fazemos, de estarmos fazendo algo pela beleza da coisa em si, com alegria e contentamento?
Não somos contrários à beleza, mas ficamos com os ensinamentos do Sr. Buda: “Caminho do Equilíbrio, Caminho do Meio”. Por que as escolas de samba não colocam na Sapucaí menos “infiltrados” que só comparecem para se exibir e se auto-promover? Onde ficaram os verdadeiros passistas, homens e mulheres que nasceram com o dom de sambar no pé de verdade, com seus pandeiros e malabarismos que encantavam a todos no passado? Que venham vestidos com trajes mais vistosos. Que seja! Mas porque exibir o excesso de “badaladas” desnudas que comparecem em causa própria?
Não somos puritanos. Apenas constatamos que o próprio sexo virou uma coisa vulgar, de tanto que a sexualidade e a nudez foram exacerbadamente expostas.
Talvez devêssemos refletir sobre nosso comportamento.
Não pretendo julgar coisa alguma, a própria vida sempre o fará, em função de nosso próprio comportamento, e, embora não seja torcedor de escola alguma, parabéns à Beija Flor! (foto). Não porque venceu. Mas porque apresentou como enredo tema não só de agrado popular, como representativo de um artista que enalteceu a mulher, a beleza e a paixão de forma digna. A Beija também reduziu o tamanho e o peso dos carros alegóricos, veio com fantasias e alegorias mais leves, permitindo que seus integrantes pudessem se locomover graciosamente e com alegria. Por pouco tempo que seja, foram felizes e, dizem os iluminados: a verdadeira razão pela qual o ser humano nasce é para ser feliz... (e completam) ...em toda e qualquer situação.
Temos muito que aprender.
Temos muito que aprender.
Imagem: bandeirantesnew.blogspot.com
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