Chuvas intensas caíram sobre Niterói, no mês de abril, inundaram a cidade, provocaram deslizamentos e causaram irreparáveis perdas humanas e materiais. A vulnerabilidade da cidade às intempéries ficou exposta.
Mas essa não foi a primeira vez que a cidade enfrentou tal situação e se nada for feito, é provável que não seja a última. Quando o caos passar, a população precisa continuar investigando e se conscientizando do que cada um pode e precisa fazer para que cada chuva de maior intensidade não se transforme em novas catástrofes urbanas.
A participação popular é de grande importância para reduzir as consequências provenientes do erro que cometemos no trato com a natureza. O asfalto, usado para pavimentar as ruas, impede que a água penetre no solo e encontrando bueiros entupidos, provoca enchentes que transtornam a vida de todos. É preciso cuidar para que sacos plásticos, papéis e outros materiais não sejam jogados na rua, pois acabam impedindo o escoamento da água da chuva. É importante colocar o lixo na rua o mais próximo possível do horário estipulado pela prefeitura para o recolhimento e separar o material orgânico do material reciclável. Junto aos governantes, é necessário cobrar para que procedam, com freqüência, à limpeza dos bueiros, rios e galerias de águas pluviais.
Essas são algumas atitudes importantes que contribuirão para minimizar as conseqüências das chuvas nas cidades. Mas não podemos dizer que tudo será resolvido com medidas tão simples. O maior problema está no processo de urbanização desordenada. No caso dos deslizamentos que, em Niterói, provocaram tantas vítimas fatais, é preciso a intervenção do poder público no sentido de proteger, por lei, todas as áreas de florestas do município, reflorestar as áreas desmatadas e promover a urbanização racional, principalmente nas áreas construídas em encostas.
Um dos fatores que provocam enchentes nas áreas urbanas é a canalização dos rios. Niterói possui alguns rios canalizados. Nesses rios são jogados, muitas vezes, todo tipo de lixo que não é coletado e ainda recebem resíduo de esgoto, o que provoca mau cheiro. Para evitar o incômodo, eles acabam canalizados e fechados. O leito do rio limitado, impermeabilizado e fechado, perde muito de sua capacidade de escoamento, produzindo inundações.
Será que canalizar é a única forma da cidade conviver com o rio? Será impossível deixá-lo em sua forma natural? A cidade de Seul, Coréia do Sul, provou que é possível conviver com os rios a céu aberto. Nos anos sessenta, o rio Cheonggye foi canalizado para atender a um elevado de 6 km, o que trouxe enorme prejuízo ao centro histórico da cidade que entrou em processo de deterioração. Em 2003, o prefeito da cidade demoliu o viaduto, adaptando a nova arquitetura às formas naturais do rio, que foi recuperado. Hoje, 80 mil pessoas freqüentam o local onde são promovidos shows e festivais.
O então prefeito Lee Myung-bak é hoje o presidente da Coréia do Sul.
Imagem: scienceray.com
Rafa - Parabéns por mais essa iniciativa. Certamente, um local para nos fazer mais rico a cada leitura
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