segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

MASTERCHEF - CULINÁRIA SIMPLES MAS SOFISTICADA





*Entrevista exclusiva a Rafael Sardenberg

Com esse calor, muitas vezes desanima ter que ligar o forno. O mesmo motivo também faz com que muitas vezes desejemos comidas mais leves. Sobre isso, o EI! foi conversar com o Masterchef de Cozinha Manoel Ribeiro Abreu, membro da Academia de Cozinha Italiana.
O Masterchef passou alguns anos na Itália, os quais ele diz terem sido de grande aprimoramento na área de culinária e de conhecimento de uma cozinha mundialmente conhecida, mas muito deturpada muito afora. “Gostei, pois vivenciei a culinária típica, tradicional. Hoje, por meus méritos, sou membro da Academia de Cozinha Italiana por ser a favor da Culinária tradicional sem mudanças, pois só posso dizer se a cozinha é Italiana, Romena, Árabe etc. se eu usar produtos originários destes países”. Segundo ele o que mais lhe acrescentou naquela viagem foi conhecer a culinária europeia, e de países comunistas, tendo aprendido a importância de saber fazer como os nossos antepassados faziam. “A importância de mantermos vivas as tradições”, afirma.
Ele diz que, em relação à cozinha tradicional brasileira, podem ser feitas releituras, mas é muito importante manter vivas as tradições dos nossos antepassados. “Eu sempre digo: Em dez mil anos de civilização nós não criamos nada, a não ser fazer sempre uma revisitação dos alimentos que foram feitos há mais de dois a cinco mil anos”.
Ele completa que, para seguir os passos dos pratos criados há 400 anos pelos escravos Africanos, que aqui chegaram só pode-se fazer vatapá com farinha de pão e bobó só de mandioca.
Manoel afirma que a culinária brasileira é rica, mas os brasileiros só dão valor aos importados e à culinária estrangeira, o que é um absurdo, pois temos produtos incríveis que com criatividade nos permitem fazer um belo cardápio sofisticado. Para exemplificar isto, ele conta uma história: “Uma vez na Fazenda da Pedra fui surpreendido e convidado para fazer um jantar para pais de 30 colegas de minha sobrinha-neta. Fiquei desesperado, pois sabemos que em São Fidélis é difícil fazer uma novidade pois somos carentes de produtos para alta gastronomia. Fui à horta, colhi quiabo, jiló e algumas ervas e fiz pratos deliciosos e sofisticados com produtos que encontrei nesta pequena plantação”.
Segundo Manoel, as ervas e especiarias sempre tiveram grande importância na conservação dos alimentos, sendo possível fazer deliciosos pratos apenas com cebola, alho e cheiro verde. “Com a cebola fazemos deliciosas tortas e cremes, ela é versátil. Com o cheiro verde podemos fazer molhos substituindo o manjericão pelo cheiro verde. O alho também é muito versátil na cozinha, podemos fazer maravilhas como o creme de alho, pães, tortas etc.”
O chef diz que no Brasil usa-se muito alho, cebola e cheiro verde, mas em sua opinião, esse uso se dá de forma equivocada. “Nós brasileiros usamos muito alho, cebola e cheiro verde, mas para mim usamos errado, pois não devemos usar em demasia nas carnes, pois perdemos o sabor da carne e deixamos predominar os aromas e sabores das ervas. Carne é sal e pimenta, isto para mim não pode faltar e detalhe sal grosso sem tratamento. O sal é de primordial importância na gastronomia”, afirma.
A dupla arroz e feijão, muito presente na mesa do brasileiro pode ser  transformada em uma refeição mais leve e fresca quando utilizada para saladas, sopas, doces.
Atualmente, cada vez mais as pessoas trabalham fora. Para que ela possa preparar refeições práticas, saudáveis e nutritivas ele recomenda utilizar sempre produtos orgânicos, ovos caipira, carnes de quintal, pois apesar de serem produtos caros, são os mais nutritivos e sem o risco de se consumir produtos com agrotóxicos.
Para Manoel é possível transformar um ‘fast-food’ em uma refeição saudável. Ele diz que é só unir carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e fibras em sanduíches e saladas. “Acho excelente a ideia de criar pratos rápidos, leves e saudáveis, você pode unir um pão com uma salada seja em forma de croutons ou pães integrais, de sementes de girassol, de abóbora, etc. Podemos juntar carne, peixe, queijo, tofu, tudo isto acrescido do que falei acima nos proporcionarão uma refeição completa, saudável e rápida”.
A ideia de Manoel é a de que um bom chef ou aprendiz tem de conviver sabendo que você está no fogo e com o tempo você aprende quão maravilhoso é o mundo da gastronomia. Segundo ele, o calor e a falta de produtos são para ele estímulos à criatividade. Mas ele diz que é possível, sem utilizar o forno, fazer pratos maravilhosos, como pudins gelados, sopas frias, saladas, sorvetes para comer com sopa fria... “Existem tantas opções que basta parar e pensar”, declara.
Mais sobre Masterchef, www.foodandeat.wix.com.
Imagens: Rafael Sardenberg

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