*Entrevista
exclusiva a Rafael Sardenberg
Com
esse calor, muitas vezes desanima ter que ligar o forno. O mesmo motivo também
faz com que muitas vezes desejemos comidas mais leves. Sobre isso, o EI! foi
conversar com o Masterchef de Cozinha Manoel Ribeiro Abreu, membro da Academia
de Cozinha Italiana.
O
Masterchef passou alguns anos na Itália, os quais ele diz terem sido de grande
aprimoramento na área de culinária e de conhecimento de uma cozinha
mundialmente conhecida, mas muito deturpada muito afora. “Gostei, pois
vivenciei a culinária típica, tradicional. Hoje, por meus méritos, sou membro
da Academia de Cozinha Italiana por ser a favor da Culinária tradicional sem
mudanças, pois só posso dizer se a cozinha é Italiana, Romena, Árabe etc. se eu
usar produtos originários destes países”. Segundo ele o que mais lhe
acrescentou naquela viagem foi conhecer a culinária europeia, e de países
comunistas, tendo aprendido a importância de saber fazer como os nossos
antepassados faziam. “A importância de mantermos vivas as tradições”, afirma.
Ele
diz que, em relação à cozinha tradicional brasileira, podem ser feitas
releituras, mas é muito importante manter vivas as tradições dos nossos
antepassados. “Eu sempre digo: Em dez mil anos de civilização nós não criamos
nada, a não ser fazer sempre uma revisitação dos alimentos que foram feitos há
mais de dois a cinco mil anos”.
Ele
completa que, para seguir os passos dos pratos criados há 400 anos pelos
escravos Africanos, que aqui chegaram só pode-se fazer vatapá com farinha de
pão e bobó só de mandioca.
Manoel
afirma que a culinária brasileira é rica, mas os brasileiros só dão valor aos
importados e à culinária estrangeira, o que é um absurdo, pois temos produtos
incríveis que com criatividade nos permitem fazer um belo cardápio sofisticado.
Para exemplificar isto, ele conta uma história: “Uma vez na Fazenda da Pedra
fui surpreendido e convidado para fazer um jantar para pais de 30 colegas de
minha sobrinha-neta. Fiquei desesperado, pois sabemos que em São Fidélis é
difícil fazer uma novidade pois somos carentes de produtos para alta
gastronomia. Fui à horta, colhi quiabo, jiló e algumas ervas e fiz pratos
deliciosos e sofisticados com produtos que encontrei nesta pequena plantação”.
Segundo
Manoel, as ervas e especiarias sempre tiveram grande importância na conservação
dos alimentos, sendo possível fazer deliciosos pratos apenas com cebola, alho e
cheiro verde. “Com a cebola fazemos deliciosas tortas e cremes, ela é versátil.
Com o cheiro verde podemos fazer molhos substituindo o manjericão pelo cheiro
verde. O alho também é muito versátil na cozinha, podemos fazer maravilhas como
o creme de alho, pães, tortas etc.”
O
chef diz que no Brasil usa-se muito alho, cebola e cheiro verde, mas em sua
opinião, esse uso se dá de forma equivocada. “Nós brasileiros usamos muito
alho, cebola e cheiro verde, mas para mim usamos errado, pois não devemos usar
em demasia nas carnes, pois perdemos o sabor da carne e deixamos predominar os
aromas e sabores das ervas. Carne é sal e pimenta, isto para mim não pode
faltar e detalhe sal grosso sem tratamento. O sal é de primordial importância
na gastronomia”, afirma.
A
dupla arroz e feijão, muito presente na mesa do brasileiro pode ser transformada em uma refeição mais leve e
fresca quando utilizada para saladas, sopas, doces.
Atualmente,
cada vez mais as pessoas trabalham fora. Para que ela possa preparar refeições
práticas, saudáveis e nutritivas ele recomenda utilizar sempre produtos
orgânicos, ovos caipira, carnes de quintal, pois apesar de serem produtos
caros, são os mais nutritivos e sem o risco de se consumir produtos com
agrotóxicos.
Para
Manoel é possível transformar um ‘fast-food’ em uma refeição saudável. Ele diz
que é só unir carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e fibras
em sanduíches e saladas. “Acho excelente a ideia de criar pratos rápidos, leves
e saudáveis, você pode unir um pão com uma salada seja em forma de croutons ou
pães integrais, de sementes de girassol, de abóbora, etc. Podemos juntar carne,
peixe, queijo, tofu, tudo isto acrescido do que falei acima nos proporcionarão
uma refeição completa, saudável e rápida”.
A
ideia de Manoel é a de que um bom chef ou aprendiz tem de conviver sabendo que
você está no fogo e com o tempo você aprende quão maravilhoso é o mundo da
gastronomia. Segundo ele, o calor e a falta de produtos são para ele estímulos
à criatividade. Mas ele diz que é possível, sem utilizar o forno, fazer pratos
maravilhosos, como pudins gelados, sopas frias, saladas, sorvetes para comer
com sopa fria... “Existem tantas opções que basta parar e pensar”, declara.
Mais sobre Masterchef, www.foodandeat.wix.com.
Imagens: Rafael Sardenberg