Hoje acordei saudosa de coisas
que, há tempos, não faço. Saudades de banho de rio e cachoeira; de caminhar por
estrada de terra, sem barulho de carros ou motos; de balançar meu corpo numa
rede; de cantar no chuveiro e de escrever cartas.
Sim, escrever cartas. Sentar-me
numa cadeira e, sobre a mesa, ter uma folha em branco aguardando que eu a
preencha de palavras amigáveis dirigidas a alguém de meu afeto. Já nem lembro a
última vez que escrevi uma carta nem a quem remeti. Por certo, caprichei na
caligrafia, rasguei muitas folhas e refiz inúmeras vezes o trabalho até dar-me
por satisfeita antes de dobrar as folhas e envelopar, escrevendo com letras
graúdas o destinatário e o remetente.
Sinto falta de receber pelos
correios algo mais do que correspondência comercial. Hoje, face book e e-mail
não me bastam.
Sinto vontade de escrever para alguém
dizendo de minha alegria em tê-lo na lista de meus amigos. Perguntar como ele
está de saúde e como vai a família. Confessar que gostaria de estar com ele,
abraça-lo muito e conversar, sentados embaixo de uma árvore florida. Ou, quem
sabe, ficar de mãos dadas, sem dizer nada, pois muitas vezes o silêncio fala
mais do que mil palavras.
Sinto vontade de fazer isso. De
tirar um tempo e escrever sem pressa, passando para o papel o que me der na
cabeça. Mas aí vem o pensamento, esse inimigo das coisas boas e me detém
alegando que vou ser chamada de louca e retrógrada.
E tem mais, afirma o diabinho: “Você
acha que, no mundo de hoje, alguém tem tempo para ler longas cartas? No máximo,
vão curtir e responder pelo face.
Resolvi, então, não escrever. Mas
a vontade continua.
Imagem: casinhadecorreio.com.br
Texto: MLSardenberg
Texto: MLSardenberg
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