Neste
final do Mês do Professor e profissionais
com poucos
motivos para comemorar, é hora do balanço
Reconhecida como um dos pontos
mais importantes para o desenvolvimento socioeconômico de qualquer país, a
educação tem contribuído para o crescimento de várias nações. Como exemplo,
podemos lembrar a Coreia do Sul e a China aonde o progresso chegou depois de um
maciço investimento em educação e no instrumento que faz a educação acontecer:
o professor.
No Brasil, as eternas promessas
não se realizam. Cansados de esperar por melhores dias, os professores veteranos
acabam se afastando, precocemente, da carreira. Eles alegam que os baixos
salários, as precárias condições de trabalho, extensa jornada, a violência na
escola e a falta de perspectiva profissional estão contribuindo para o
adoecimento da categoria. O afastamento da sala de aula é notado com maior
intensidade, na escola pública, que é principal instrumento de inclusão social.
Com os professores se afastando
e o alunado crescendo deveria ser priorizado um trabalho de estímulo à entrada
de novos concursados na rede. Entretanto, trabalhos realizados em 2013, na
Faculdade de Educação da USP, mostram uma triste realidade: no Brasil, a
profissão de professor atingiu o mais alto desprestígio, de toda sua história. Dos
alunos licenciados em Matemática, Física e Química, metade não pretende assumir
a sala de aula.
Este afastamento das novas
gerações está comprovado, também, em estudo realizado pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). No mesmo trabalho o Brasil é apontado como
um dos países que remunera pior o professor.
Esse desprestígio pela profissão
pode levar a uma total carência de professores de ensino médio na rede pública brasileira,
ainda nesta década. Esta é uma avaliação da CNTE (Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação).
Todo este caos é pelo fato de
que temos enfrentado governos que não reconhecem a educação como questão de
segurança nacional. É um equívoco achar que segurança se faz com armas. Segurança
se faz com educação.
É impossível continuar ignorando
a importância vital da escola pública para a transformação desta sociedade, que
aí está: caótica, violenta e desigual. O preço que estamos pagando por esse
descaso, já é visível. Se hoje sofremos com o nível da corrupção brasileira e
se os índices de violência estão acima do aceitável - se é que existe um nível
aceitável - é porque, não priorizamos a educação e ainda não constatamos que a
crise educacional é indissociável da crise social.
Por isso, cada um de nós que
acredita na força transformadora da educação, precisamos exigir que os
governantes remunerem os professores e ofereçam
condições de trabalho condizentes com a sua imensa responsabilidade que
é, segundo Immanuel Kant, a de “educar as crianças não para o presente, mas
para uma melhor condição futura da raça humana”.
Quanto à pergunta ‘Vale a pena
ser professor público no Brasil?’ a resposta depende do tamanho da vocação de
cada um:
Se não existe, desiste.
Se é pequena, esquece.
Mas se é um caso de amor, corre
atrás. Sabemos que a escola pública só está de pé porque ainda existem
valorosos professores desenvolvendo projetos que fazem diferença.
Texto: Maria Lucia Sardenberg
Imagens: gestaoescolar.abril.com.br / salutarbuffet.blogspot.com
Texto: Maria Lucia Sardenberg
Imagens: gestaoescolar.abril.com.br / salutarbuffet.blogspot.com