Jiddu Krishnamurti
nasceu na Índia, em 1895. Como educador fundou escolas em vários países e por
mais de 50 anos atraiu milhares de pessoas para ouvi-lo em suas palestras
anuais na Índia, nos Estados Unidos e na Inglaterra. Seu trabalho, mundialmente
reconhecido, é leitura obrigatória no currículo de 180 universidades da
América.
Em
uma de suas palestras com estudantes, um deles indagou:
Estudante:
Por que procuramos o prazer e afastamos da dor?
Krishnamurti:
Vocês estão algo graves, esta manhã, não é? Porque acham o prazer mais
agradável, não é mesmo? O sofrimento é doloroso. Por isso, queremos evitar um e
apegar-se ao outro. É natural evitar a dor não é verdade? Quando sentimos dor
de dente, queremos livrar-nos dela; se saímos a um passeio é porque isso nos
apraz. O problema não é o prazer e dor, mas o evitar um ou outro. A vida tanto
é prazer como sofrimento; é treva e luz. Num dia como o de hoje, há nuvens e o
brilho do sol; existe o inverno e a primavera; e tudo isso faz parte da vida,
da existência. Então, porque fugir de uma coisa e aferrar-nos a outra? Porque
apegar-nos ao prazer e fugir à dor? Porque não viver naturalmente com ambos? Ao
desejar afastar-nos do sofrimento, da dor, inventamos escapatória, citando
Buda, O Gita, ou indo um cinema ou cultivando crenças. Entretanto, não se
resolve o problema nem pelo sofrimento nem pelo prazer. Consequentemente, não se agarrem nem a um nem
a outro. Identificando-se com o prazer, o que lhes acontecerá? Criarão apego,
não é mesmo? Mas se algo acontecer com o objeto desse apego, seja ele uma
pessoa, uma propriedade, sejam convicções próprias, sentir-se-ão perdidos.
Concluirão, então, pela necessidade de haver desapego. Porém eu lhes digo que
não devem ser apegados nem desligados; limitem-se a olhar os fatos, a
compreendê-los, porque dessa maneira, nem o prazer, nem a dor será importante.
Só o fato, a realidade terá significação.
Do livro: Ensinar e Aprender
1980
Nenhum comentário:
Postar um comentário