Em 5 de abril de 1970, abrindo uma série de quatro palestras no San Diego State College (USA), Krishnamurti abordou a condição humana e a estrutura do medo ao falar aos professores e estudantes da instituição. Ele investigou se é possível ao ser humano descobrir qual é a fonte da violência que assola o mundo.
Ele inicia o encontro dizendo: “... por onde quer que se vá – Europa, Índia, Austrália ou América encontram-se mais ou menos os mesmos problemas humanos. A maioria dos seres humanos no mundo está muito confusa e vivendo uma vida contraditória, totalmente infeliz, completamente miserável e em grande dor. E a vida da pessoa parece um campo de batalha, do momento em que nasce até morrer”.
Krishnamurti também alertou para as contradições internas: “Vendo toda essa divisão, este caos absoluto e uma enorme miséria, perguntamos (...) o que fazer, que direção tomar, a esquerda, o centro ou a direita. Ou é uma direção ditada por alguma ideologia, alguma crença, algum mandato autoritário. Ou deve-se tomar uma direção que não depende de qualquer autoridade (...) mas seguir a sua própria inclinação, tendência; ou seguir sua própria experiência, conhecimento, confiante em si, seguro e resoluto. Existe tanta contradição, não apenas externamente, mas internamente também. E o que se deve fazer?”.
Para Krishnamurti descobrir essa direção não contraditória, que não irá produzir mais agonias é o grande desafio. “E descobrir isso é nosso problema – e acho que esse é o único problema da vida. Uma ação que não é fragmentada, que não é contraditória, que é contínua, inteira, completa e total, para que não traga mais sofrimento, mais confusão”.
Ele convidou a plateia para juntos se aprofundarem no assunto: “E se quiserem, iremos juntos aprofundar esta questão, lembrando que o orador não possui qualquer autoridade. Juntos vamos examinar, observar este fenômeno chamado vida e descobrir a verdade do assunto. Se existe uma ação, um modo de viver, não em dias incomuns ou numa grande crise, mas diariamente, cada minuto, um modo de viver no qual há alegria, onde não há violência, nem brutalidade, nem contradição e obviamente sem imitação e dependência”.
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