Na entrevista para o EI! os professores falam sobre os resultados preliminares da expedição
A expedição Brasileira enviada à Antártica no dia 3 de março para realizar pesquisas na Península Fildes retornou no dia 2 de abril. Os professores Rosemary Vieira, coordenadora do projeto, e Humberto Marotta Ribeiro, ambos do Laboratório de Processos Sedimentares e Ambientais (Lapsa) do Instituto de Geociências da Universidade Federal Fluminense (UFF), integram a equipe de pesquisadores. Participou, também, como coordenador das pesquisas, o professor Jefferson Simões da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CPC/UFRGS).
O objetivo do trabalho é verificar o estoque e a emissão de gás carbônico (CO2) em lagos da região e monitorar o recuo das geleiras, em consequência do degelo, estabelecendo sua relação com o aumento da temperatura na região. Essa pesquisa tem grande relevância, pois as alterações climáticas na Antártica alteram o regime de chuvas na América do Sul e consequentemente no Brasil.
O professor Marotta explicou que “o projeto constatou atividade biológica relacionada à produção de gases do efeito estufa (dióxido de carbono e metano) devido à decomposição de matéria orgânica lamosa em áreas alagadas na Ilha Rei George (Antártica Marítima)”.
Marotta afirma ainda que “no laboratório, amostras de sedimentos lamosos dessas áreas foram submetidas a cenários de aquecimento global projetados para o próximo século, os quais são suportados por fortes indícios descritos na literatura científica”.
Resultados ainda preliminares indicam que o aquecimento poderia intensificar a decomposição orgânica e a subsequente liberação de gases de Carbono, contribuindo potencialmente para incrementar esse próprio aquecimento.
A coordenadora da expedição, professora Rosemary afirma que “foram também efetuadas atividades de monitoramento da posição atual da geleira, além da identificação de suas antigas margens. Aquisição de dados meteorológicos das estações da região e de seu processamento estatístico ajudarão a correlacionar as alterações ambientais com a variabilidade climática nas últimas décadas”.
Segundo os professores, “tal estudo brasileiro, em cooperação internacional, permite contribuir para preencher lacunas científicas sobre cenários atuais, possíveis efeitos e regulações do aquecimento, que apresenta influência direta não somente sobre a Antártica, mas sobre todo o planeta”.
O resultado final da pesquisa será conhecido em cerca de 60 dias.
Imagem: www.planetaviavel.com.br
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