As férias escolares passaram tão
rápido... Já houve um tempo em que as férias eram de quatro meses. E a carga
horária de apenas três horas e meia por dia. Hoje os alunos têm uma carga
horária por dia maior e cumprem um calendário de 200 dias letivos. Qual está
sendo o resultado dessa mudança?
Quem morava no interior do estado
do Rio de Janeiro, em meados dos anos 50, provavelmente estudou em escolas primárias
de três turnos diurnos com, apenas, três horas e meia de aulas diárias. Esta foi
a solução encontrada pelo governo para atender o aumento na procura por vagas na
rede pública. Naquela época, as férias escolares duravam mais de cem dias (dezembro,
janeiro, fevereiro e julho). Eu sou produto dessa escola.
Tenho lembranças do empenho das
professoras (eu só tive professoras no primário) em cumprir o programa com
sucesso. Quando um aluno saia da linha elas nos lembravam como a escola era importante
para a vida futura de cada um de nós. No fim do ano, as escolas recebiam
pacotes lacrados com provas a serem aplicadas em todas as turmas. A coisa era
levada tão a sério que os professores que aplicavam os exames vinham de outras
escolas. Lembro que eu tremia ao abrir o pacote. Muita coisa que eu sabia fugia
da minha cabeça... Assim eram testados todos os alunos da rede.
Mas quem pensa que o curto tempo
de aula era massacrante, se engana. Tínhamos aula de música (na escola havia um
belo piano), aula de educação física, aula de artes e ensaios semanais para as festas
comemorativas e os desfiles do Dia da Cidade e Sete de Setembro. Havia tempo para tudo. E, por incrível que
possa parecer, aprendíamos muito.
Como na minha cidade só havia o
grupo escolar público, lá estudavam crianças de todas as classes sociais. Uma
convivência de enorme aprendizado democrático: a escola pública, de qualidade, para
todos. Não me lembro de animosidades dentro de sala de aula. Os meninos
resolviam suas diferenças na rua, bem longe da escola, que nem muro tinha.
Briga de garota era raro. Também não me lembro de pais se queixando de atitudes
tomadas pelos professores.
Sei que o mundo mudou e que a
escola também precisou mudar. Mas que mudança foi essa que as crianças ficam
mais tempo na escola e aprendem menos? Acho
que os governantes, os estudiosos da área e a sociedade precisam se debruçar
sobre esta questão e encontrar a resposta. Como disse o jornalista Alexandre
Garcia “Escola não é brincadeira, não é passatempo, não é depósito de criança
porque os pais estão trabalhando. É o lugar mais importante de um país sério”.
Texto: MLSardenberg
Texto: MLSardenberg
Imagem: emcamposnovos.com.br
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